terça-feira, 11 de dezembro de 2007

ISE OKUFA,ETOMBO LIVALA, PORQUE URGE TER MEMÓRIA .


Orlando Castro
«Uma das alternativas encontradas por muitos no meio urbano para a sua sobrevivência é a actividade de roboteiro ou seja o transporte de pedras ou outras mercadorias na cabeça e carrinhos de mão», dizem, continuam a dizer, fontes que acompanham as dificuldades de sobrevivência dos ex-militares da UNITA.


Terá valido a pena ser militar da UNITA? Terá sido para isto que o mais Velho tanto lutou? As perguntas são minhas embora julgue serem comuns a muitos desses soldados.Terá sido para isto que tantas vezes, em Umbundu (mas não só) Jonas Savimbi dizia «ise okufa, etombo livala»? (em português, prefiro antes a morte, do que a escravatura).

Num cenário em que os poucos que têm milhões continuam a ter cada vez mais milhões e em que, no mesmo país, muitos milhões não têm sequer o que comer, não me custa a crer que a ausência de tiros não seja sinónimo de paz.Mal por mal, antes a morte do que a escravatura. E se antes foi o tempo dos contratados e escravos ovimbundus ou bailundos irem para as roças do Norte, agora é o enxovalho de transportar pedras à cabeça para ter “peixe podre, fuba podre… e porrada se refilares”..«Sekulu wafa, kalye wendi k'ondalatu! v'ukanoli o café k'imbo lyamale!» Morreu o mais velho, agora ireis apanhar café em terras do norte como contratados, ou ser escravo na terra que ajudaram a, supostamente, libertar.


Até quando Senhor José Eduardo dos Santos? Até quando Senhor Isaías Samakuva?

*Jornalista (CP 925) - Não se é Jornalista sete horas por dia . É-se Jornalista 24 horas por dia .*Também publicado em
ALTO HAMA




“O mais importante é resolver os problemas do povo” - Agostinho Neto.

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