quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

BRASIL : OPOSIÇÃO TEME QUE BRASIL SIGA A VENEZUELA .


Lula da Silva diz que, se se recandidatar à presidência do Brasil, isso só acontecerá em 2014 e não em 2010. A ideia, há muito discutida, começou este fim-de-semana a ganhar espessura, apesar de o Presidente Lula da Silva repetir que não vai concorrer a um terceiro mandato. "Se o fizer, só em 2014", diz, amiúde.


A direcção do Partido dos Trabalhadores (PT) começou a recolher assinaturas para a proposta de realização de um referendo a 31 de Janeiro de 2009: o PT quer saber se a população é a favor de uma Assembleia Constituinte específica "para promover uma reforma constitucional no título 4.º", sobre a reeleição para cargos maioritários.
As próximas presidenciais realizam-se em Outubro de 2010 e a oposição considerou que esta proposta "é o primeiro passo" para viabilizar um terceiro mandato de Lula. "É um passo em frente que o PT dá para avançar na tese do terceiro mandato. O partido está saindo da inibição para a ousadia e o incentivo vem do Palácio do Planalto [Presidência]", afirmou o líder dos Democratas (DEM), senador José Agripino Maia.
Alguns sectores temem que, aberta a excepção, o Presidente argumente "uma exigência" da população para voltar a candidatar-se. É o caso de Arthur Virgílio, do Partido da Social Democracia Brasileira.

"É um erro, porque o povo não se adapta a democracia constituída. Se o povo for consultado, também apoiaria a pena de morte e o linchamento."
Mas a ideia não conquista a população: 64 por cento dos brasileiros são contrários a um terceiro mandato de Lula, diz um estudo de opinião da empresa Datafolha. "Se tivessem me entrevistado, não seriam 64 por cento, seriam 65 por cento", disse Lula ao jornal O Globo.
Desde o início do ano que as alterações constitucionais que visam exceder o limite máximo de dois mandatos consecutivos é alvo de acesas discussões no Brasil. Romero Jucá, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro, aliado do Governo de Lula da Silva, tentou relativizar esta proposta do PT.
"Uns discutem a bomba atómica, outros o disco voador. Não é possível que maduro como é o país, a classe política e a imprensa, isso prospere. Essa discussão está na Venezuela, que é bastante diferente do Brasil", enfatizou.

Nuno Amaral, Rio de Janeiro / Público


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