terça-feira, 9 de outubro de 2007

GRUPOS PARAMILITARES EXPULSAM TRAFICANTES


Grupos paramilitares expulsam traficantes de zonas onde a polícia não se arrisca a chegar. Um número crescente de grupos de milicianos armados tem espalhado tentáculos pelas favelas do Rio de Janeiro.
Estas milícias, por norma formadas por polícias, agentes de segurança reformados, bombeiros e mercenários, prometem acabar com o tráfico nas comunidades e aniquilar as guerras do narcotráfico pelo controlo do território. Por um lado, superam a inoperância da polícia; por outro, impõem taxas e mecanismos de controlo que passam pela exploração de redes de transportes ilegais ou exploração clandestina de sistemas de Internet e televisão por cabo.
A Secretaria de Estado da Segurança estima que já controlem 92 das 700 favelas do Rio de Janeiro. O prefeito da cidade chamou-lhes "grupos de autodefesa comunitários", despertando um coro de críticas.
O governador do estado, Sérgio Cabral, garante que estas milícias "vão receber o mesmo tratamento que os traficantes".
"O problema é que as milícias nascem como instrumento de defesa da comunidade, mas acabam como instrumento de controlo" sobre as mesmas comunidades, nota Zeca Borges, coordenador do gabinete Disque Denúncia.
Só em três meses, este serviço da Polícia Militar recebeu mais de 500 denúncias da acção destes grupos. "Expulsam os traficantes da área, mais instituem um novo poder paralelo, impondo regras de comportamento e cobrando taxas", sublinha.
Os serviços secretos da Secretaria de Segurança seguem os passos a 150 polícias suspeitos de integrarem milícias.
No conjunto de favelas do complexo do Alemão, no Jacarezinho, na Cidade de Deus, na Maré, Penha ou no Engenho de Dentro, os milicianos chegam a pontos inacessíveis à polícia tradicional. Ao topo dos morros, território de traficantes armados, só chegam o batalhão de Operações Policias Especiais e a Força Nacional, contingentes obrigados a actuar num cenário próximo da guerrilha urbana.
Numa primeira fase, a população acolheu os milicianos.
Num debate recente, Jailson de Souza e Silva, coordenador do Observatório das Favelas do Rio de Janeiro, avisou que os habitantes de bairros pobres estão agora reféns de outra "tirania". "A situação é gravíssima. A população está envolvida num quadro de guerra e a polícia não age para evitar conflitos", enfatizou.

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