quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ANGOLA: BOOM PETROLÍFERO AUMENTA RECEIOS.


O aparecimento de Angola como principal produtor de petróleo a nível mundial está a aumentar as preocupações de que o Governo usará o novo poder para resistir às reformas políticas e económicas.


Angola não realiza eleições nacionais desde 1992 e o Governo já adiou o escrutínio duas vezes, justificando a situação devido às más condições das estradas e à destruição de outras infra-estruturas durante os 27 anos de guerra civil.
As eleições legislativas estão agora marcadas para 2008 seguidas das presidenciais em 2009, altura em que é esperado que a produção de petróleo atinja 2 milhões de barris por dia, praticamente o dobro da produção registada em 2005.
As autoridades angolanas estavam muito confiantes na última semana, quando falaram sobre o ‘boom’ petrolífero do país, conhecido em todo o mundo. Um representante angolano descreveu Luanda como a “nova Meca”.

No entanto, o aumento da riqueza petrolífera e os mil milhões de dólares em entradas de investimento estrangeiro podem permitir que Angola continue o isolamento que tem caracterizado a sua atitude, relativamente aos grupos de direitos humanos, aos países ocidentais e às agências internacionais.
Luanda demonstrou a sua independência delicada em constantes conflitos com o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, recusando aceitar qualquer empréstimo que estivesse relacionado com a melhoria da transparência fiscal ou com a democratização do país.
“Não creio que a abertura das relações comerciais ou a injecção de investimento estrangeiro esteja a abrir espaço político, uma vez que o país é rico o suficiente para impor as suas próprias condições,” afirmou Ana Leão, analista do Instituto para os Estudos de Segurança, na África do Sul.
“A capacidade do Governo angolano de fazer o que quer sempre lá esteve,” acrescentou Ana Leão.
As autoridades angolanas realçaram essa posição em Fevereiro, quando detiveram e acusaram a activista britânica dos direitos humanos, Sarah Wykes, de espionagem relativamente à investigação que estava a realizar na província de Cabinda.
Sarah Wykes esteve presa alguns dias e foi impedida de sair do país durante aproximadamente um mês.

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