domingo, 23 de setembro de 2007

A FABULOSA TIPOGRAFIA


Até ao início dos anos 90, os políticos portugueses dispunham de um poderoso instrumento de política económica. Ou melhor, de um poderoso instrumento para se manterem no poder às custas do seu eleitorado.


Quando a economia entrava em crise eles imprimiam notas. Era uma solução fácil. A emissão de moeda mantinha o desemprego baixo e as exportações portuguesas competitivas à custa da queda dos salários reais. Os portugueses recebiam aumentos de salário ilusórios que depois eram comidos pela inflação. O truque tinha alguns efeitos de curto prazo que mantinham a população feliz durante os períodos eleitorais.
Entretanto, o poder de imprimir notas deixou de pertencer ao Banco de Portugal e ao Governo português e passou a pertencer ao Banco Central Europeu (BCE). O BCE é, por enquanto, e por boas razões, um banco independente do poder político. Tem como única obrigação manter a inflação abaixo dos 2%. O BCE tem instrumentos que lhe permitem controlar as taxas de juros e a massa monetária na Zona Euro.
Quando as taxas do BCE descem, o investimento é estimulado e o desemprego desce. No entanto, a descida do desemprego é feita à custa do aumento da inflação e do risco de bolhas insustentáveis no mercado imobiliário.

A independência do BCE não é eterna. O Presidente francês, Nicolas Sarkozy, tem demonstrado um grande interesse em controlá-lo. O BCE é um activo político apetecível por duas razões. Por um lado, como as taxas de juro estão a subir, quem tiver poder para as reduzir conseguirá impressionar um eleitorado endividado.
Por outro lado, quem controlar o BCE controla o ciclo económico. O político que controlar o BCE terá nas suas mãos um instrumento que lhe permite adiantar ou atrasar as recessões económicas. Pode fazer coincidir os períodos de prosperidade com os actos eleitorais.
O controlo do BCE pelo poder político teria custos elevados para a economia. A redução artificial das taxas de juro seria compensada por um aumento da inflação e pelo aumento do risco de bolhas no mercado imobiliário. O investimento ficaria sujeito aos interesses políticos de curto prazo.




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