Cultura comunistapor Ipojuca Pontes em 10 de setembro de 2007 Resumo: A cultura como ferramenta revolucionária não passa de um embuste fanático e desavergonhado para se criar um Estado totalitário que, no plano cultural, gerou a prisão de milhares de artistas e intelectuais, dos quais o Prêmio Nobel Aleksander Solzhenitsyn, do “Arquipélago Gulag”, é o mais notório exemplo. © 2007 MidiaSemMascara.org
Quando os ideólogos do governo petista falam na “administração de políticas públicas” para o fomento da cultura, a primeira providência que tomo é esconder a minha magérrima carteira. É que nesta simples conjunção de palavras, “políticas públicas”, se escamoteiam hoje todo um vasto mundo de parasitismo corporativo, dirigismo artístico, malandragem política, controle burocrático e, inevitavelmente, o aumento imediato da carga tributária para o usufruto de militantes que usam as artes como “ferramenta” ideológica da “luta social”.
Fui jornalista no Recife quando a prefeitura comunista de Miguel Arraes instituiu, em maio de 1960, o Movimento de Cultura Popular, MCP, que, a pretexto de alfabetizar adultos, visava, de fato, despertar “a consciência política das massas trabalhadoras” no intuito de fomentar a “mudança revolucionária”. Cheguei a entrevistar um dos seus fundadores, o escultor Abelardo da Hora, integrante do Partido Comunista Brasileiro, entusiasta da instrumentação da arte popular para “melhorar a capacidade aquisitiva de idéias sociais e ampliar a politização das massas, despertando-as para a luta social”. No Recife do prefeito Arraes, tal como no Brasil de Lula, a agitação esquerdista no campo cultural corria solta impulsionada pela grana extorquida da patuléia ignara.
De fato, o modelo adotado pelo MCP pernambucano – e mais tarde reproduzido e subvencionado no Rio pelo CPC da UNE (entidade, por sua vez, financiada por Jango) – era, na prática, o mesmo protagonizado pela ação revolucionária da “ujamaa”, tendência do chamado “socialismo africano” então emergente, por exemplo, na Tanzânia. Lá, nos confins do Terceiro Mundo, o então presidente Julius Nyerere, com a triste experiência da sua coletivista “ujamaa” só fez ampliar a fome e a miséria, inspirando Franz Fanon, o fanático mentor da Universidade Dar-Es-Salaam, a escrever “Os Condenados da Terra” – obra virótica que pregava a “violência purgante” como força “para liberar o nativo do seu complexo de inferioridade”. Fanon era um psicopata: queria devolver a auto-estima dos africanos vertendo o sangue dos inocentes.
No Brasil atual as “políticas públicas” adotadas no campo da cultura obedecem rigorosamente aos cânones estabelecidos no 7º Encontro do Foro de São Paulo, realizado em Porto Alegre, em 1997, cujas resoluções subscrevem, em outras palavras, os postulados do velho MCP de Arraes e Abelardo da Hora. Neles, os chavões em torno do “imperialismo ianque” foram substituídos pela condenação sumária do “neoliberalismo” e o apelo da “conscientização política das massas” transformado na vigente “construção da cidadania cultural” – mas no resumo do trololó comunista os objetivos continuam sendo os mesmos: fazer das atividades artísticas e culturais um aríete para a formação e manutenção do Estado socialista.
POR: IPOJUCA PONTES
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