terça-feira, 25 de dezembro de 2007

COMIDA MAIS CARA EM TUDO O MUNDO .


COMIDA MAIS CARA !


A produção mundial de cereais em 2007 deve alcançar 2,1 bilhões de toneladas, ou 4,6% mais do que a produção de 2006, de acordo com a última estimativa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). É uma produção recorde, mas, mesmo assim, os preços internacionais de alguns dos principais produtos já atingiram o nível mais alto da história e tendem a subir mais. Os produtos agrícolas em geral estão ficando mais caros. Desde o início do ano, o preço do trigo duplicou e as cotações do milho, do leite e de oleaginosas já alcançaram ou estão prestes a alcançar seu valor mais alto de todos os tempos.

Por muitos anos, os preços dos alimentos estiveram em queda - segundo a revista The Economist, entre 1975 e 2004, eles diminuíram 75% em termos reais -, mas a tendência se inverteu. De 2005 até agora, diz a revista, a cotação de um grupo de alimentos de maior consumo no mundo aumentou 75% em termos reais. Acabou a era do alimento barato?O mercado mundial de grãos passa por mudanças que devem ser duradouras. A produção cada vez mais intensa de biocombustíveis e a mudança do padrão alimentar em países cuja renda cresce rapidamente são as principais causas dessas mudanças, cujos efeitos se espalham por todos os países, produtores ou consumidores.O estímulo concedido pelo governo dos Estados Unidos para o plantio do milho destinado à fabricação do etanol impulsionou o preço desse produto no mercado mundial. Os agricultores americanos responderam a esses dois estímulos - apoio do governo e preços em alta - aumentando a área plantada com milho, que neste ano será a maior desde a 2ª Guerra Mundial. A produção será recorde, mas, assim mesmo, os preços do milho continuam a subir.A utilização de mais terras para o cultivo do milho reduz o plantio de outros produtos, cujos preços também sobem. A produção animal, que utiliza intensamente rações derivadas desses produtos, igualmente incorre em custos maiores. O resultado é o encarecimento das carnes em geral.A esse fenômeno soma-se outro: o aumento do consumo de carne na China e em outros países de rápido crescimento. Em 1985, diz a revista The Economist, cada chinês consumia em média 20 quilos de carne por ano; agora, consome 50. São mais chineses comendo mais carne. E maior consumo de carne quer dizer também maior consumo de grãos, pois, como lembra a revista, a produção de 1 quilo de carne bovina exige 8 quilos de grãos.O diretor-geral da FAO, Jacques Diouf, advertiu recentemente para o sério risco de cada vez menos pessoas terem acesso à comida, especialmente nos países pobres. Esse risco se acentuou recentemente. Em 2006, o índice de preços de alimentos da FAO registrou alta de 9%, considerada inaceitável.

Em 2007, o aumento foi de 40%.À alta dos preços se soma o problema dos estoques baixos. O estoque mundial de trigo, segundo a FAO, diminuiu 11% em 2007, atingindo seu nível mais baixo desde 1980. O estoque corresponde a 12 semanas do consumo mundial, bem menos do que a média de 18 semanas observada de 2000 a 2005.

O estoque de milho, por sua vez, que era suficiente para o consumo mundial de 11 semanas na primeira metade da década, hoje é suficiente para 8 semanas.Para complicar, o aumento do preço do petróleo encareceu os custos de transportes dos produtos agrícolas. E a maioria dos países de baixa renda importa boa parte dos alimentos que consome.Diouf sugere que os governos e as organizações internacionais reexaminem as políticas agrícolas adotadas "num ambiente econômico diferente" do atual, para evitar o agravamento do problema mundial.Por que não, por exemplo, cortar subsídios visto que os preços altos estimulam a produção, como sugere The Economist? Por que, em vez de subsidiar a produção do etanol a partir do milho, os EUA não importam mais etanol do Brasil, produzido com mais eficiência que o americano e, por isso, a custo mais baixo e sem a utilização do dinheiro do contribuinte?E por que não tornar mais livre o comércio de produtos agrícolas, que ajudaria a aumentar a renda dos países mais pobres e a reduzir as pressões sobre os preços dos alimentos em geral?

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