quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

BRASIL : O AUMENTO DO DÉFICIT EM CONTA CORRENTE .


O aumento do déficit nas contas correntes (C/C) do balanço de pagamentos, de US$ 42 milhões em outubro para US$ 1,3 bilhão em novembro, foi a grande surpresa na divulgação, ontem, das contas externas.

Até agora, previa-se que o déficit nessa conta correria por conta da queda do superávit comercial - o próprio Banco Central estimando que este cairá de US$ 39 bilhões para US$ 30 bilhões. Todavia o resultado de novembro mostra que o déficit das C/C foi provocado essencialmente pelo déficit nos serviços e rendas (US$ 3,6 bilhões).Isso é importante, pois, mesmo que o superávit comercial fique em US$ 30 bilhões - uma projeção otimista -, parece difícil que os serviços e a renda apresentem uma redução em 2008 (passando de US$ 40,6 bilhões para US$ 37,7 bilhões), dado o aumento dos investimentos estrangeiros diretos e a manutenção de uma atividade sólida no próximo ano...

Isso só poderia mudar com um aumento das receitas de lucros e dividendos, em função do aumento dos investimentos brasileiros no exterior e dos juros recebidos sobre as reservas internacionais do Banco Central. É interessante notar que, em novembro, os investimentos brasileiros no exterior (incluindo empréstimos intercompanhias) somaram US$ 2,439 bilhões, ante US$ 2,530 bilhões de investimentos estrangeiros no Brasil. Paralelamente, as receitas com juros das reservas internacionais somaram, nos 11 primeiros meses, US$ 5,684 bilhões, remuneração equivalente a 3,2% das reservas em novembro, que aumentaram US$ 91,2 bilhões neste ano. Se houver redução da taxa de juros nos Estados Unidos, essas receitas poderão diminuir.Um aumento do déficit nas C/C , na situação atual, não tem nada de dramático, embora possa levar os credores estrangeiros a se mostrarem mais exigentes nos seus empréstimos ao Brasil (o que elevaria a conta de juros pagos). De fato, em novembro o déficit em C/C, de US$ 1,344 bilhão, não impediu que o balanço de pagamentos ainda apresentasse superávit de US$ 6,395 bilhões, graças aos investimentos estrangeiros e aos empréstimos do exterior. É importante para o Brasil que os investimentos estrangeiros e os empréstimos continuem crescendo, o que dependerá da seriedade do governo na administração das finanças públicas. Correção - Na edição de ontem houve um lapso quando dissemos que o consumo familiar deveria crescer 62%. O correto é 6,2%.


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