quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

BRASIL : UM CRESCIMENTO CHEIO DE INCERTEZAS


Neste início de ano,há um grande otimismo em relação às perspectivas da economia, que o próprio Banco Central (BC) está alimentando, ao prever um crescimento do PIB de 4,5%, pouco inferior ao resultado de 2007, mas amparado por um crescimento do consumo das famílias de 5,9%, equivalente ao do ano que acaba de terminar.


Assim, prevê-se que o bom resultado de 2008 dependerá do desempenho da demanda interna.Foi a grande preocupação da equipe econômica em favorecer o aumento dessa demanda que permitiu o crescimento do PIB em 2007. Cabe examinar quais são os fatores que poderão reduzir o impacto positivo da demanda interna em 2008.Neste ano teremos um fato novo: a retomada das pressões inflacionárias que se situam nos custos de alimentação e dos serviços, mas que poderão se estender a outros setores, em razão da elevação dos preços do petróleo e gás. Deverá ter continuidade a expansão do crédito, que teve papel determinante no aumento da demanda, a menos que o BC considere tal expansão um fator inflacionário. Mas a redução progressiva das taxas de juro efetivas, provocada pela redução da Selic, não deverá se verificar tão cedo, havendo mesmo um risco de elevação da taxa básica. Outro fator suscetível de alimentar a inflação será a taxa cambial, que durante 2007 atuou como um freio da inflação. Calcula-se que o saldo da balança comercial passará de US$ 40 bilhões em 2007 para US$ 23 bilhões neste ano. O importante é observar se esta redução será acompanhada por um aumento das exportações (pouco provável, no quadro de uma economia mundial desaquecida), o que contribuiria para maior atividade industrial, ou se será por causa apenas do aumento de importações que substituem a produção industrial doméstica.A atividade econômica interna deverá, pelo menos no 1º semestre, continuar robusta, com destaque para a construção civil e os investimentos do PAC. A manutenção do ritmo dependerá da capacidade do governo de reduzir seus gastos correntes e da capacidade das famílias de honrar seus compromissos financeiros, com reajustes salariais menores que os de 2007 e o poder aquisitivo sendo afetado por maior inflação.Neste ano não se farão sentir os efeitos perniciosos da redução do superávit das transações correntes - mas a médio prazo esta deve ser a maior preocupação das autoridades. O ano de 2008 não será tão fácil como se imagina e vai exigir uma administração fina da economia.

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