sexta-feira, 24 de agosto de 2007

24 de AGOSTO - DIA DA INFÂNCIA


Levanta logo, menino! Tá na hora de trabalhar! Não vai ficar dormindo, não!
- Só mais um pouco, pai! Tou cansado ainda. Me dói o pescoço e os braços...
- Deixa disso. Quem não trabalha não come e acabou. Teus irmãos tão com fome. Vamos embora.
- Eu queria ir pra escola.
- Tá pensando como rico, moleque? Tá querendo virar dotô?
- Eu queria um livro de história colorido, pai.
- Pra fazer, menino? Você não sabe ler.
- Por isso eu quero ir pra escola aprender.
- Você precisa é aprender a trabalhar sem moleza e mais rápido. Levanta!
- Deixa eu dormir mais um pouco, pai. Eu tava sonhando com uma bola de futebol linda. E um campo verdinho onde eu jogava com os meninos até o final do dia.
- Vai ver que sonhou também com sorvete, banho de banheira, sapato de couro, colchão e outras finuras...
- Não, pai. Só com os meninos no futebol. Mas um picolé de groselha ia ser delícia.
- Acorda, antes que teu sonho fique grande demais e a vida mais apertada ainda. Sonhar é coisa de preguiçoso, moleque. É coisa de criança. Você já tem nove anos e ainda parece bebê, com essa história de escola, bola, picolé, coleguinha. A vida não é isso. E neste mundo tem muita pedra para ser quebrada.

Num canto qualquer deste planeta, ou melhor, em vários cantos deste planeta, antes das seis da manhã, um menino de nove anos volta a dormir e a embalar seus sonhos de criança. A seu lado, um pai agarra violento uma lágrima teimosa.

Neste mundo, milhões de crianças não sabem o que é infância.


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