quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

CABO VERDE : PAÍS DE DESENVOLVIMENTO MÉDIO .


O arquipélago de Cabo Verde passa hoje a ser País de Desenvolvimento Médio. Desde 1977 que Cabo Verde fazia parte da lista do grupo dos Países Menos Avançados.


Cabo Verde deixa, a partir de hoje, de fazer parte do grupo dos Países Menos Avançados (PMA), a que pertence desde 1977, para passar a ser um País de Desenvolvimento Médio.Esta "promoção" decidida pelas Nações Unidas em Dezembro de 2004, deve-se ao facto de Cabo Verde preencher dois dos três critérios exigidos para um País de Desenvolvimento Médio ao ter subido o seu Índice de Desenvolvimento Humano e o rendimento per capita.No entanto, e conforme a resolução da Assembleia Geral 59/209, a passagem de Cabo Verde ao grupo de Países de Desenvolvimento Médio só se tornará efectiva após um período de três anos, durante o qual deverá preparar, em estreita colaboração com os seus parceiros internacionais, uma estratégia de transição para permitir uma saída por etapas e criar condições para que a "promoção" não constitua um obstáculo ao desenvolvimento do arquipélago..
É neste sentido que as autoridades cabo-verdianas, com o apoio do Sistema das Nações Unidas, criaram o Grupo de Apoio à Transição (GAT) do qual fazem parte os principais parceiros internacionais de desenvolvimento.Este grupo tem por objectivo facilitar a elaboração de estratégias de transição e identificar medidas e acções necessárias com vista à realização da visão de transformação de Cabo Verde num país social e economicamente viável.Apesar de Cabo Verde ter um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de cerca de 0,717 por cento, acima da média do grupo de 86 países do mundo com um nível médio de desenvolvimento (0,695), o arquipélago padece ainda de algumas vulnerabilidades, como a fraca capacidade produtiva interna e a forte dependência da sua economia de factores externos, nomeadamente a flutuação dos preços dos combustíveis no mercado internacional."A vulnerabilidade económica é um critério com um peso maior que os outros porque é a economia que deve gerar índices de desenvolvimento humano e rendimento per capita", defende o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Victor Borges..
Mas em Cabo Verde o processo foi diferente, já que a boa aplicação das ajudas internacionais e a estabilidade social, económica e política contribuíram para os níveis de desenvolvimento do país desde da independência.Um processo que agora precisa ser sustentável, para que o país entre no ponto de não retorno.Para o ministro Victor Borges, nesta hora as responsabilidades têm que ser compartilhadas. "É preciso que os cabo-verdianos (Governo, partidos políticos, a sociedade civil), de um lado, assumam plenamente as suas responsabilidades, mas também sabemos que é importante, por outro, que Cabo Verde continue a beneficiar do apoio da comunidade internacional para realizar os seus objectivos de desenvolvimento", afirmou..
Neste sentido, o chefe da diplomacia cabo-verdiana defende que a "transição suave" deve ser gerida de forma dinâmica em função dos objectivos de desenvolvimento e não de um prazo definido "administrativamente".Para o executivo cabo-verdiano, durante esta fase de transição a comunidade internacional deverá continuar a apoiar o país, nomeadamente com empréstimos concessionais, um dos "privilégios" que Cabo Verde pode perder quando sair dos PMA.Entretanto, Vítor Borges recusa considerar a nova classificação em termos de perdas e ganhos, preferindo falar em desafios diferentes."A sociedade cabo-verdiana tem que aceitar o princípio de que algo pode e deve mudar. Faz parte do amadurecimento das pessoas o momento em que temos de assumir de forma autónoma as nossas responsabilidades. Neste momento os cabo-verdianos precisam trabalhar mais, produzir mais e criar mais rendimentos.

Expresso


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