terça-feira, 1 de abril de 2008

Hospitais de guerra aliviam agonia causada pela dengue no Rio .


RIO DE JANEIRO (Reuters) - O primeiro dia de operação dos hospitais de campanha das Forças Armadas, nesta segunda-feira, representou um alívio para a população do Rio de Janeiro, vítima de uma epidemia de dengue que já matou mais de 60 pessoas desde o início do ano.
Sem conseguir que a filha de 6 anos fosse atendida desde o dia 18 de março, o comerciante Jorge Luiz Carvalho Alves precisou pegar um empréstimo para levar a criança a uma clínica particular no fim de semana.
Com o diagnóstico de dengue confirmado, mas sem condições financeiras de manter o tratamento particular, ele foi um dos primeiros a procurar o hospital de campanha da Aeronáutica, montado na Barra da Tijuca (zona Oeste), atrás de socorro.
"Aparentemente ela está mal, e vai ser internada", disse o comerciante, de 51 anos, com os olhos marejados, após ver a filha ser levada para a UTI do hospital de campanha com diagnóstico de dengue hemorrágica.
"Vai morrer muita gente se for depender dos hospitais públicos, muita criança", acrescentou Alves, que contou ter passado por quatro hospitais públicos sem conseguir atendimento para a filha, até pegar o dinheiro emprestado.
Um hospital de campanha do Exército e outro da Marinha também começaram a operar nesta segunda-feira para dar suporte à rede pública de saúde, que tem sido insuficiente para atender o grande número de casos neste início de ano.
O secretário de Estado de Saúde e Defesa Civil, Sérgio Côrtes, anunciou ainda que o Rio de Janeiro está solicitando 154 pediatras a outros Estados para trabalharem no atendimento a crianças com dengue.
"Vamos garantir o transporte, a hospedagem e o pagamento dos plantões desses pediatras enquanto durar a epidemia", disse o secretário, acrescentando que o pedido foi encaminhado ao Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que reúne representantes dos 27 Estados.
Até agora, 43.523 casos de dengue foram notificados oficialmente no Rio de Janeiro em 2008. Das 67 mortes já confirmadas como sendo em decorrência da dengue, cerca de metade delas é de crianças de 2 a 13 anos. Pelo menos outros 60 casos de pessoas que morreram com suspeita de dengue ainda estão sendo investigados.
A capital responde pela maioria dos óbitos estaduais, com 44 mortos, sendo 23 crianças. Em todo o ano passado, houve 31 mortes por dengue no Estado.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira no Rio que a responsabilidade do combate à dengue é de todas as esferas do governo e da população.
"Tem que cuidar da dengue muito antes de ter a picada do mosquito... aí tem responsabilidade do presidente, do governador e do prefeito e de cada habitante do país", disse Lula em discurso para cerca de 5 mil pessoas em Duque de Caixas, na Baixada Fluminense, uma das áreas com elevados índices da doença.
"Se não limpar a água nas casas, nas ruas, nas vilas, seremos vítimas da nossa irresponsabilidade", acrescentou.
CASO GRAVE
O caso da filha do comerciante, que aguardava vaga na rede pública para ser transferida a um hospital, foi um dos mais graves entre os 100 primeiros atendimentos realizados pelos oficiais da Aeronáutica nas quatro horas iniciais de funcionamento do hospital de campanha.
"Temos capacidade para atender até 400 pessoas por dia, mas podemos aumentar em 100, 200 pessoas se os atendimentos continuarem rápidos. Em média, estamos levando 5 minutos para ter o resultado do exame de sangue", afirmou o major Roberto Thurry, comandante do hospital de campanha da Aeronáutica.
De acordo o major, o atual hospital tem configuração mais simples do que em 2005, quando uma crise na saúde pública do Rio também gerou a participação das Forças Armadas com hospitais de campanha.
"Agora você combate única e exclusivamente a dengue", disse ele.


LEIA NOTÍCIA COMPLETA EM :

Nenhum comentário: