sábado, 23 de fevereiro de 2008

FIDEL DE CASTRO RETOMA "EDITORIAIS" ABRE FOGO E DEFENDE MUDANÇAS NOS EUA .


HAVANA (Reuters) - Três dias depois de abrir mão da liderança de Cuba, Fidel Castro regressou à linha de combate, na sexta-feira, afirmando que os Estados Unidos precisam mudar sua tradicional política de sanções em relação à ilha caribenha.
Fidel disse que pretendia tirar alguns dias de folga dos textos quando anunciou a aposentadoria, na terça-feira, mas que não conseguiu ficar em silêncio.
A reação da comunidade internacional ao afastamento dele, incluindo apelos por "liberdade" em Cuba, obrigou-o a "abrir fogo" novamente contra seus inimigos ideológicos nos EUA, afirmou.
"Gostei de ver a postura embaraçosa adotada por todos os candidatos à Presidência norte-americana", escreveu em uma coluna publicada no jornal oficial do Partido Comunista Cubano, o Granma.
"Um a um, todos se sentiram obrigados a realizar exigências imediatas sobre Cuba para não correrem o risco de perder um único voto que fosse", disse Fidel.
"'Mudança, mudança, mudança!' gritaram em uníssono. Eu concordo, 'mudança!', mas da parte dos EUA", escreveu.
Fidel, 81, não aparece em público desde que, em julho de 2006, submeteu-se a uma cirurgia e entregou o poder, então temporariamente, a seu irmão Raúl Castro. A Assembléia Nacional de Cuba, que não tem autonomia, deve confirmar no domingo a nomeação de Raúl como o novo líder de Cuba.
Fidel, o líder político do século passado a ficar mais tempo no poder, transformou Cuba em um Estado de partido único e em um aliado soviético às portas dos EUA após tomar o poder, em 1959.
O dirigente sobreviveu à Guerra Fria, a várias tentativas de assassinato arquitetadas pela CIA e ao que chama de "bloqueio" norte-americano durante 10 governos consecutivos dos EUA.
O atual presidente norte-americano, George W. Bush, tornou mais rígido o embargo comercial de 45 anos e rejeitou aliviar as sanções ou as restrições sobre viagens para Cuba sem que a ilha adotasse um regime democrático.
Uma mudança do tipo, no entanto, significaria a "anexação" de Cuba pelos EUA, afirmou Fidel na sexta-feira, criticando também as "retraídas potências européias" por aderirem às pressões norte-americanas na defesa de reformas na ilha.
CUBA E O CENÁRIO POLÍTICO DOS EUA
O pré-candidato favorito para ficar com a vaga do Partido Republicano nas eleições presidenciais de novembro, John McCain, disse na terça-feira que o país precisava manter as sanções sobre o governo comunista de Cuba até que se realizem eleições livres ali e até que sejam soltos os prisioneiros políticos.
Hillary Clinton e Barack Obama, pré-candidatos do Partido Democrata, aventaram a hipótese de aliviar o embargo comercial se o sucessor de Fidel adotar medidas democratizantes.
Em um debate realizado na quinta-feira, os dois, porém, divergiram sobre o momento de negociar com Cuba. Obama disse que poderia agir rapidamente a fim de conversar com o substituto de Fidel. Hillary adotou uma postura mais cautelosa, dizendo que Cuba precisava antes avançar na questão dos direitos humanos.
Fidel, que continuará a ter poder de veto na qualidade de primeiro secretário do Partido Comunista, afirmou que prosseguirá envolvido na "batalha de idéias" escrevendo artigos.
"Eu pretendia parar de escrever minhas reflexões por ao menos 10 dias, mas não consegui ficar calado por tanto tempo. Eu precisei abrir fogo, ideologicamente, contra eles", escreveu.
O artigo no Granma foi assinado pelo "camarada Fidel" e não mais, como antes, pelo "comandante en jefe".

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