ROMA (Reuters) - A cúpula da FAO (órgão das Nações Unidas para alimentação e agricultura) vai preparar na quarta-feira um plano emergencial para mobilizar ajuda, reduzir barreiras comerciais e investir na agricultura de países pobres, a fim de conter a onda de fome que afeta ou ameaça quase 1 bilhão de pessoas.
"Nós nos comprometemos a eliminar a fome e assegurar comida para todos, hoje e amanhã", diz o esboço da declaração da cúpula de três dias em Roma. Na terça-feira, líderes de cerca de 44 países participaram da sessão inaugural.A FAO convocou a cúpula diante do aumento global no preço dos alimentos, que pode colocar mais 100 milhões de pessoas entre as 850 milhões que passam fome no planeta.Nos últimos dois anos, o preço de alimentos básicos, como arroz, milho e trigo, mais que dobrou, e há estimativas de que eles possam subir mais 50 por cento na próxima década.Nos discursos de terça-feira, Brasil e EUA defenderam os biocombustíveis, mas outros países fizeram críticas a essa fonte energética. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu a alta global de preços ao "protecionismo intolerável" dos países ricos no comércio.A declaração preliminar propõe "estimular a produção de alimentos e aumentar o investimento em agricultura, para resolver os obstáculos ao acesso a alimentos e usar os recursos do planeta de forma sustentável para as presentes e futuras gerações."O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, disse que a fome é "degradante" e que seria necessário gastar entre 15 milhões e 20 milhões de dólares por ano para aumentar a oferta de alimentos em 50 por cento até 2030 para a atender à demanda.A presença dos presidentes Mahmoud Ahmadinejad (Irã) e Robert Mugabe (Zimbábue) provocou protestos de delegados da FAO e ativistas. E eles chegaram com uma retórica afiada, com discursos agressivos contra o Ocidente.Os EUA, maiores produtores mundiais de biocombustíveis ao lado do Brasil, se viram na defensiva nessa questão, já que o uso intensivo de terras para produção é apontado como um dos fatores por trás do aumento dos preços dos alimentos."Não acho que os Estados Unidos recebam crédito o bastante por fornecer mais de metade de toda a ajuda alimentar", argumentou o secretário de Agricultura dos EUA, Ed Schafter, em entrevista coletiva.Houve amplo consenso sobre a necessidade de reduzir barreiras comerciais, inclusive as restrições às exportações adotadas por alguns países para preservarem seus estoques na atual crise.O secretário britânico de Desenvolvimento Internacional, Douglas Alexander, disse que os países ricos "subsidiam a agricultura em 1 bilhão de dólares por dia, o que custa aos agricultores dos países em desenvolvimento estimados 100 bilhões de dólares por ano em faturamento perdido".Fonte: Reuters .
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