sexta-feira, 10 de outubro de 2008

ECONOMIA - BCs cortam juros, mas mercados continuam com medo.


NOVA YORK (Reuters) - Bancos centrais ao redor do mundo reduziram em conjunto as taxas de juro nesta quarta-feira, na primeira ação política coordenada da história, à medida que os temores de uma recessão profunda ofuscaram as preocupações recentes sobre a inflação.
Em uma tentativa para combater a pior crise financeira global desde os anos de 1930, os bancos centrais dos Estados Unidos, da zona do euro, da Grã-Bretanha, da Suíça, do Canadá e da Suécia reduziram suas taxas básicas de juro em 0,5 por cento.
O anúncio inesperado gerou volatilidade nos mercados de ações globais, que já perderam trilhões de dólares ao longo do ano passado. Mas ele não conseguiu ganhar a confiança de qualquer mercado.
O mercado de ações europeu fechou com fortes perdas e as bolsas de valores de Wall Street operaram com forte volatilidade. O índice Dow Jones fechou com queda de 209 pontos, após ter chegado a apresentar alta de mais de 120 pontos.
O setor financeiro europeu também apresentou turbulência com o governo britânico afirmando que está preparado para injetar 50 bilhões de libras (87 bilhões de dólares) nos bancos.
O governo da Islândia adquiriu dois de seus maiores bancos, desistiu de segurar o valor de sua moeda e pediu um empréstimo de emergência para a Rússia.
"A confiança foi perdida e é difícil de recuperar", disse Ian Nakamoto, diretor de pesquisa na MacDougall, MacDougall & MacTier em Toronto.
A redução conjunta incluiu a China pela primeira vez. O Banco do Japão informou que não vê necessidade de reduzir a taxa de juro do país, mas apoiou fortemente a ação coordenada.
Mais cedo, Hong Kong divulgou um corte de juro inesperado, reduzindo sua taxa básica de juro em 1 ponto percentual, indo ao encontro de redução similar na Austrália um dia antes.
"Os bancos centrais no mundo finalmente acordaram para a gravidade da situação atual", disse Charles Diebel, diretor de estratégias para taxas de juros da Nomura International. "Esse é um grande passo para convencer o mundo de que eles estão determinados em relação à estabilização."
TEMPESTADE À FRENTE
O Fundo Monetário Internacional divulgou sua previsão mais pessimista em anos, dizendo que a economia mundial está fadada a um declínio maior com os Estados Unidos e a Europa à beira da recessão ou já inseridos nela.
Os varejistas norte-americanos apresentaram um número decepcionante de vendas em setembro, apenas alguns dias após os EUA terem divulgado uma redução de 159 mil postos de trabalho em setembro, levando a perda acumulada no ano para 760 mil.
Em entrevista à imprensa, o secretário do Tesouro norte-americano, Henry Paulson, clamou por mais ações coletivas.
"Os governos têm e devem continuar a agir individualmente e em conjunto para aumentar a liquidez no mercado, para fortalecer as instituições financeiras por meio da provisão de capitais... e para proteger as economias de nossos cidadãos", disse.
Ao menos os preços do petróleo caíram após o governo norte-americano ter divulgado um aumento nos estoques.

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